quarta-feira, 29 de abril de 2015

Pílulas

 
há suor
e sangue
na boca
dos cães.

num tapete de flores
homens matam abelhas.

dormem anjos
no
leito
dos
rios.

não deves
cuspir amoras

na
mesa
farta.

 

terça-feira, 7 de abril de 2015

O Fim


A tarde esfria.
 Engole palavras.

 O vento lambe muralhas,
tece cortinas de silêncio.

O sol cospe nuvens.

Desfilam nas horas,
o medo, o sonho
o tédio.

sábado, 4 de abril de 2015

Asas do Sonho

Paro no caminho.
Contemplo os colibris
as garças  e os corvos...

São tantos bichos de asas!

Se fecho os olhos
no meio do nada,
perco a rota do voo.

Quebram-se as garras.

As asas do meu sonho
são de plástico e pano.

Acordo.
Movimento os braços.
Ouço os pássaros.

Tropeço nas estrelas.
Caio no meio do mar.

quinta-feira, 5 de março de 2015

Passam as tardes de março...
Passa tranquilamente a minha
pele e  os ossos na boca do tigre.

Passam  o tédio, o corre-corre
nas ruas e a grana do mês.

Tudo passa. Só não passam
o vazio, o silêncio e a pedra
 no meio da paisagem.

A hora exata do poema,
teus olhos no espelho
e na reviravolta do mar.


 

domingo, 1 de março de 2015


Poema em  seda 



A boca recebe a hóstia,
a língua lambe o cálice.

Impávidos, olhos clamam.
 Florestas acolhem deuses,
duendes e pássaros.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Poema líquido


Um poema líquido escorre
nos dedos e nas janelas
das casas.

Nas salas dos edifícios
ouvimos o som do verde
na volta das águas.

Alegre é a tarde.

Voltam os pássaros
à transparência
das almas.

sábado, 14 de fevereiro de 2015

A tarde


Vagarosa, passa a tarde, longe da chuva.
O tempo é claro e líquido, escorre na alma.
O céu aberto revela caminhos desertos.

 Desfio as horas com os olhos vagos.
Espero sinais.

Escolho as tintas, pinto a casa inteira.
Chegam ao final as horas do meu delírio.